Translate

segunda-feira, 21 de maio de 2012

V Doar

a
Guenádi Aigui:


De que te vestes
e do que te despes/
Daquele que antes passa

não verás
nem rastro

  


doar


o centeio negro à claridade das manhãs
o que sustenta um homem contra as tempestades
não sabe ao certo do que ele é feito e no que se desfaz


partes estão sempre desmoronando coisas estão sempre deixando
de ser no corredor de ossos O Clarão e mais um filho é devolvido à relva


O pavilhão de trevas


Quase nunca é preciso soprar as cinzas
dos olhos
ninguém vem retribuir à terra a água colhida na palma da mão


tu não avanças mais cantando


há a impossibilidade da semente
vir a se tornar uma floresta sem ressentimentos


tu não avanças mais cantando


sem notar a caridade dos dias
com o direito de ocultar todo horizonte com uma elevação de lágrimas


Mas se sabia,
desde os primeiros sinais, que não vieram, que os ventos varreriam a terra, cavando,
até expor aos nossos olhos
as esmeraldas deste funeral


as esmeraldas deste funeral


o centeio negro à claridade das manhãs


já foi doado,
e embora vozes se erguessem
não deixaste


O Doador de Sombras


esses clamores vagos clarões


Nem nuvem vã desceu até teus olhos os calcanhares
com que pisaste o canto
dos que se erguiam em bando
em defesa dos dias


e o leito de sombras foi armado

onde
do Alto semeamos ossos


As doações


o que sustenta um homem contra as tempestades


não sabe ao certo do que ele
é feito e no que se desfaz


Ah de quem foi este pé que se recusa a dar um passo ah
essas mãos trêmulas depostas aos nossos pés


Do Alto, semeando ossos


As doações
nós nos dizíamos
Eis o beber a seiva derramada


O Pontilhão Escuro está cantando ao vento:


um dia
a água do corpo correrá ao contrário, vindo ao teu encontro,
e tuas aves serão feitas de terra


Eis o beber a seiva derramada


ah de quem foi este pé que se recusa a dar um passo


Mas a criança há de nascer mais antiga
sob um sol de cinzas se desfazendo sobre nós


partes estão sempre desmoronando


somos, em nós, as doações recentes,
as recém-nascidas doações estão sonhando,
indo para o mais antigo Campo de Miragens nu


O


Doador de Véus


E o mais antigo desmorona
aos nossos pés
se se recusam a dar um passo antigo se


tudo passa, o lentamente,
em nós


coisas estão sempre deixando de ser


Se as Fontes imóveis de repente
cantassem em nós
ah, as cantantes caladas
oh se cantassem de repente


A verdade é que
o pé tateia o limo
a mão espera o líquen dos afagos


E tudo bem silenciosamente


Este desejo é longo quando passo
através da opaca cintilância


Ah, a Opaca cintilância
desses filhos mortos semeados pela relva
quando passo


no corredor de ossos


um olho ainda cintila


a Lã
que ama o fogo sem balir


O Clarão


o fogo-fátuo destas fontes


Eis o beber a Seiva, a seiva derramada


A água do corpo
não correrá ao contrário em nós
tremia
um mineral profundo


e mais um filho é devolvido


à relva


quando menos se esperava tanto espanto


A Voz
soluça entre gorjeios


Quem sabe a santidade ser
O osso leve
de
um filho devolvido à Relva


O pavilhão de trevas


está se abrindo


Dobrados diante dele joelhos
de fruta


Para colher a melhor flor
da estação, quantas sementes
esperando a Seiva lenta,


aguardando um pranto


Quase nunca é preciso


soprar as cinzas dos olhos
Quase nunca é preciso
lançar ossos no abismo


Estamos sempre dispostos a temer as manhãs


estamos sempre nas manhãs,
tremendo


ninguém vem retribuir à terra a água


Colhido na palma da mão tem um abismo
É essa a fonte do coração oco entre miragens


Tomo, de ti,
a tua mão na minha


Estas ruínas ficam bem
caladas quando passo
doar


o centeio negro à caridade das manhãs


Se doendo


sem dOr


partes se dando: Do Corpo do poema em si, ao fora de si, ao Que?m buscando Em sonhos, a Margem brandamente escurecida


sem o direito de ocultar a caridade dos dias


mas com direito a vislumbrar todo o horizonte velado, a Elevação de Lágrimas
Fonte do coração, do Oco
entre miragens


as esmeraldas neste funeral


As esmeraldas deste funeral

sábado, 12 de maio de 2012

Andara: VozSilêncio II

SEGUNDA PARTE DO DIÁRIO VIRTUAL DE ANDARA desde abril de 2012 dá continuidade a ANDARA: VOZSILÊNCIO iniciado em 2007 por VICENTE FRANZ CECIM

LINK
http://andaravozsilencio.blogspot.com.br/2012/05/andara-vozsilencio.html

terça-feira, 8 de maio de 2012

IV Coisas escuras procurando a luz com dedos finos cheios de ervas

VIAGEM A ANDARA oO LIVRO INVISÍVEL
COISAS ESCURAS PROCURANDO A LUZ
COM DEDOS FINOS CHEIOS DE ERVAS
II
Fonte dos que dormem









A colheita das paisagens


Para descer o céu à terra num antro mais cheio de murmúrios

aquilO

que morre nas flores
canta
um Rumor de luz


Eu escuto, na Residência da Semente Branca daqueles que tiveram o pé esquerdo devorado por ovelhas

Eu nutro: os caminhos apagados
Eu nutro: a mais antiga, a Visão que veio ao encontro dos que vão
em busca

da espera de Si mesmos


Eu não sou a semente
de uma intensidade nua de espinhos, eu não sou


Eu não sou



Fonte das constelações


Sem semear ossos no fim da tarde
e vindo ao encontro dos teus olhos nos Caminhos das espreitas,

eu busco
o segredo luminoso
da
Tua
Água

Soprando as cinzas,
mais humano que o Limo


Este é o Passo de Sombras
Esta é a Noite em que o céu virá beber nosso rumor de terra


Aqui


Eu espero


Como uma Construção erguida para baixo


rio em Silêncio, e serpentes: A Palavra
interminável

mente
calada

mente de Aves Profundas


e um Carrilhão de Luz

soando na Penumbra dos Seus Olhos,

dAquilo que escurece
as manhãs de cinzas
as pedras dos dedos da Oração

quando o mais Alto se ergue

e depõe o Muro Branco das Idades
como Transparência

no deserto Inundado
dos Teus sonhos: Cílio

da Carne,

e Rumor de Bosque Escuro

Curva dos Lábios
que não dizem - Rio

lá, onde
a Água Escura de um Abismo


Aquele que teve os olhos Selados
já não aguarda a Aurora das Virtudes: o Guardião de Sombras




Aurora das virtudes


Quando a terra se abre aos nossos pés,
quando a terra se abriu aos nossos pés

e vindo a ausência da Ausente, veio a Ausência
do ausente

e A que devorávamos na Sombra estava atrasada, e vindo


a que esperávamos estava atrasada



Caminho lento
que a terra ainda não abrira aos nossos pés

ainda Tantas vezes O teu silêncio e a Pálpebra
que não quis nos ver


Tantas vezes o Conselho: Soluça sem espreitas



Tu me nutriste de Escombros,
como uma construção erguida para baixo
não era os passos

Vocação de Olhos mais Escuros
quando a mão se abriu

para tocar O céu



Não eram os Passos dos que vieram antes




Sim


Quando a Árvore sem tréguas descer do céu

como saber: Se um homem vem por degraus

no coração da nave submersa nos Seus Olhos,


antes
que a Inquietante fale as Palavras
mas não após o silêncio das Virtudes

indo
ao Encontro das lápides Flutuantes e das Águas
se erguendo para a Sede

e na penumbra oh na Penumbra
de um Encanto

e
da Esfera tombada no Caminho
por Onde ainda Passam os que passaram antes
Na penumbra oh na Penumbra,

enquanto espera a tempestade, a: Tempestade

nos


Repousos

dos

Teus

Passos




Lodo das espécies


As Catedrais de Luzes já foram semeadas
no Centeio Negro

e não te voltas para colher a Sombra


O
Que Ora está ausente
onde murmura Silêncio a Serpente

Agora aquele que aguardou a Alvura
despertou na névoa e sem olhos

Agora, Aquilo se lançou nas Águas e
sem guelras
Nenhum Cílio

desvia o Pó de um homem das Visões
do Florescer
ao Fenecer
da vida,

indo


tu serás o Escombro de Lágrimas

Canto Mais Impuro
O
cantando
Se um Oceano de pedras descesse
uma palavra Não te espera




Reino que Se curva


Quando a Mente, sem espinhos,
torturou Teu Sangue

veio a lágrima

e O orvalho te doou


O Lago



Na Solidão
se tinge o Lodo


Ainda é a carne a Submersa na pedra
que o teu Dom adormece




Estação das seivas


Não era a Infância ainda,
pois foi antes

Instante

sem tempo, O cancelado instante
de Ressurreições

do Pó


enteNoite
ente de murmúrios: uma semente,
apenas Uma bastaria, Escura

Se
no Silêncio de Seivas em que nasceste

o teu Luar acolhesse a serpente




Corpo nu da Demanda profunda


aquele que Tomba,

quando virá à Tona coberto de Cinzas

quando dará às Fontes suas mãos de Encantos em ruínas até
à Seca folha lágrima Raiz da Desfolhada não nascida

quando dirá ao outroO
nascendo do seu Lado Esquerdo com a ferrugem
das Catedrais partidas
- Busca

O ourO Escuro


para onde, para onde


Irá
indo,
indo

com sua imortalidade de lençóis de Alvura: O naufragado em terra,
caminhando sobre águas brancas que não vê


de despedidas de reencontros de Trevas murmurantes
Pedra de Queda como um fruto: o Fruto O

que alcança a outra margem: Oo

Fervor de Limo
Levanta vôo para baixo


Quando obterá a recusa da Envolvente?

e o Não lhe será um Dom
de Indiferença

que poupará, por Desprezo
que poupará, pelo silêncio


Respirando face a Face


Quando a Mãe se ergue na Alvorada,


quanta  Espessura no sutil

quanta  Presença no vazio



que contém



a mão dentro de Si, oculta de si mesma


 

Oco e Noite Esfera

da Espécie


 

Uma estrela desliza nos teus Olhos

buscando a Origem da Luz



na luz do Dia



De Rastros, animais imensos mais antigos


te dizem

que já foste e estás Aqui, escuro


Purificações da imagem maculada

nenhuma Ausência mais será sentida
aquela que Devora consolando

foi embora



Passo em sonho

A Construção de Carne está nas Trevas



e um Silêncio Branco



ressoa em toda parte: o



Ausente
permanece



o que deixam seus Ossos com sons de flauta
para a Música


e o Vento da Vida



 
Nós não somos um cortejo de Ruínas
nós não somos Nós


não somos os que vieram atrás do Manto
revestido de algas
celebrando o Encanto e o Musgo
que a Água dos Olhos não lava Nós
não permanecemos

indistintos



na Paisagem dos Crepúsculos Nós não



tememos


a nossa Fome das Auroras
nossa embriaguês de Vinho Pálido


enquanto passamos, e passamos,


exatamente



Agora


Ilusão das Sedes


agora, diante de ti está o Muro


que não existe



Construção mental

que esmaga



Mas teus cabelos, Antro de Musgo que te sonha, ainda sentem falta

das ramagens longas, das Ascensões


e da Floresta,


onde os teus Passos percorrendo insetos, mas te apoiando com Ternura nas Sementes,



te dizem:

que logo virá o Limo sobre a Pedra cravada nos teus Olhos



Pois continuas lá, e a Fonte e o Fruto,

ainda Lá,


Agora



não dizerSim

infinito é o que está Dentro in

terno?



Pois não magoas

esta Paisagem



Paraíso


que sem rancor acolhes sob os Cílios, ex

terna




na Pedra da Meditação
em que Te dormes


e te vê


um Horizonte todo em torno de Miragens,
sobre a Terra


Para abolir os lances de dados

unes com a Asa o Vento e a Árvore

e Agora dás adeus a ti, no Escuro


Há Água e Fogo e Terra e Ar
e a Música a Voz

que fala o que nenhum homem ainda Se disse





oO Eu
criou a Si


e ao seu redor a Esfera o Círculo a Vida

e a Multidão da Semente





Estás na Aurora do teu pensamento


oO d eu s
tem muitos eus

nossa habitada Constelação de Ser



seu Fruto e Cinzas




a Tua Criança Invisível


Mais simples que o sono da pedra

agora vem Aquele

que lança para Ti
tua mão cheia de ervas, e não há Eras entre dois

homens de limo



Agora,

te ouve em Teus Ouvidos te fala nos Teus Lábios E


já Sabias o que te diz
com gestos de aprendiz de Vinho e Sangue



Está te olhando dos Teus Olhos

Contempla:
é a Paisagem das Espécies

onde se faz a Colheita dos Dons



nenhum Espelho Nenhum espelho


O Semeado

Agora,
estás onde Só
tu Te Esperas


O que passou na Noite e não foi visto


Nada,



e Mais Além


Uma Esperança de Murmúrios

 


Residência Profunda

só tens a ti

e um Gesto se desfaz no Ar


Fala da Ponte

Onde a Palavra, oca, simula madeira




Para onde te voltes, não estás


E Ninguém

que seja Alguém espera, Se não existes




Dizer: Espelho de miragens

E Despertar dos Sentimentos de Ausência,


abandonar os pés:

já não se movam nem te mantenham em ti




E
no entanto uma Ave canta


A Tarde já foi Manhã

e há Leitos com promessas de Ternuras




À noite, acolhe a Tua Penumbra




Tu lembras o Nome vago que não dizes
Teu Alento ergue o pó até Teus Olhos
Um animal antigo ainda é teu irmão
Há Luta preenchendo o intervalo dos seres
Um pensamento Deserto se nutre de areia
Há ondas de Lágrimas nos Oceanos, longe
Cinzas retornando ao Fogo, com branduras
Ossos de Flautas, ouves, se Incineram



E no entanto, uma Ave canta


e és aquático como: No Princípio Era o Verbo,

sobre as Águas




Silêncio Silêncio




Na Tarde houve uma Manhã



Só tens um Ti,

e um Gesto desfaz se no ar


Lua das idades

Sob o Cílio submerso

Onde um sol jamais ilumina


E no ar mais Elevado, vendo a Ave respirando o Pó

da Terra


Onde não houve o que Ver, do que passou na Noite


E depois das Lentidões e Cantos


E Antigo como um homem de Madeira na janela,

se abrindo


flutuante

aos Oceanos



E no fundo de Ti




Silêncio dos nomes

Indiferente e lento

mas como um movimento Adormecido


E no Deserto Verde

Diante de uma Casa de Penumbra


Quem saberia
O que dizer desta Paisagem onde um homem

semeado

Diante de uma casa em um deserto verde


espera



Indiferente e Lento

Mas com um movimento Adormecido


Antes da Aurora


E a Vida, num Sussurro, ainda não nasceu em parte alguma


 


para subir montanhas Murmurantes

Ali,

onde em cada corpo humano há um só homem




 onde se reúnem para as Festas do Medo


passa uma Ave que nos vê: Espelhos ocultos em

espelhos

Cinzas

dos Campos de Silêncio
semeados
de
Vida Ausente cada um em si


E Odor

vindo do Círculo do Horizonte
guiar


os Passos a não dar,



pois estás Aí, Fantasma


da Amizade

Ponte



que sonha a Alucinação dos Gestos



Para alegrar uma esquina deserta

É Assim que tu habitas uma
Meditação

Peixes de Estrelas e Árvores e se apagando ao teu redor

no teu Rosto de Terra


Onde


Não todos choram juntos não
Todos riem juntos, e Não se sabe

até Saber:
que uma Lágrima é Meditação de Tudo
E o Riso: Meditação de Tudo


e Esses
são os Dons da Semente Una Oca


Escuta: O Eco,
aqui


O sermos
como Aves de Dois Cantos

enquanto, Lá,


O sorrindo chora O chorando ri



Enquanto passa uma Nau de Silêncio



Asa dos olhos

Quando um Lago

for lançado num Círculo



fora do tempo



por mãos vazias antes do gesto






Quem





estará na Margem

para receber, sem mãos,



as Doações do Centro adormecido






que Se amplia



despertado



em gratidões gratidões gratidões




em Cinzas Cinzas Cinzas



Quando descerem em Ti escuro e sol

A última


gota de água acaba de subir aos Céus e a Terra

não é mais



a Esfera de Miragens

 
Agora,

esses seres de Lágrimas banidos dos Teus Olhos



buscam Refúgio



na Tua Mão de Pó



E não és o Lago




O Uivo em Tua em Memória não é a Pedra que lançaste

voltando à tona



Um homem é Sua Curva só por ter nascido




Estás



entre a Aurora e o Crepúsculo



como uma Dádiva




que se oculta antes do Gesto




Deita no Centro do leito da Serpente



Se


confundires os perdões escuros com a Lentidão



da Tua Estrela,





estás perdido





Tudo é Caverna  e ecoa





Consulta  os Clamores da Vida




Se o Adormecido leva um Gesto aos lábios

não Falar

para não nascer do Seu Ouvido
em Rumor O


não dito, lentamente não





Ouvir

para não nascer no meu ouvido
em Ramagens A


não dita, lentamente não



para não assustar as Ramagens do Rumor

indo e vindo


entre nós




Asa no Ar

Exalado pelo Alento: por que veio o Homem de Vento
Inalado pelo Alento, para Onde voltará?


E a O Que Quem pergunta
aqui
na Breve Residência

onde é
Asa de Sombra


dO sido
e
dO  não será



Um passo antes das Cinzas

Bastante silencioso

e Ausente




mas caminhando através de Onde em si há Ninguém



Um olhar mais fechado, para ser Amplo para acolher a
Constelação
que não cabe nos olhos
para não esquecer que é alguém


onde não há ninguém




E a Gotejante, ouçam: Está chamando, a cada um
pelo seu Nome
a Cada nenhum nome que não Diz


Ali,




onde a Fonte mais transforma Luz em Sombras


visto no Vazio

E então entendes:


que tudo que Passa se sonha um Eu,

e toda neblina quer Ser


E essa é a Origem

da Lágrima



Fonte dos que dormem


como se fosse uma centelha: } a Transparente


com som de Águas até o afogamento
e Asas cristalinas de Pudor


e O sangue


se desfazendo em lágrima a Gota
onde um relâmpago de patas mais selvagens


e a desabrochando: } a Constelação


suas figuras de Musgo suas serpentes de espinho


e O Jamais se acabar [ Suas Serpentes de Espinhos
de chegar
dAquele
que
Sempre passará


como o Cordão dO Tempo nos Teus Olhos }




Fim de II Fonte dos que dormem
A Viagem a Andara não tem fim

segunda-feira, 7 de maio de 2012

III Coisas escuras procurando a luz com dedos finos cheios de ervas

VIAGEM A ANDARA oO LIVRO INVISÍVEL
COISAS ESCURAS PROCURANDO A LUZ
COM DEDOS FINOS CHEIOS DE ERVAS
I
Os dias consagrados







na via Lenta

este é o caminho das

Grades,


e ouves no fundo da Terra portões de ferro voltando ao pÓ,


como tu



Mas Tu não cumprirás toda a Profecia





Afinal,
não chegaste pela rua da tua Infância? N
ão tropeçaste na porta da Sede e a Água te ergueu?


Não testemunhas o regresso das árvores em Sonhos



e
não passa Dentro de ti

a Outra via?




leve




Que

leva

à Leveza invisível



esboçando no Sem Rumo


quando passas, em Si se esconde a Árvore
dos Negros Corais


tu passeias sem Clamor

quem sabe: Até cantes


e o Caminho não é longo



não colheste nenhum fruto,

mas os Corais vão contigo



e teus Passos vão deixando Rumor de treva e água profunda, pois

te seguem, Negros, os Corais




ó Árvore dos Negros Corais

quando passas em Ti

se esconde



a Residência entre Clarões está nas cinzas


Agarrado ao teu Tronco,

como não lamentarias a queda dos Frutos?




Perdido de Ti,


como colherias a Semente

no ar



e a semearias nas noites da Fadiga?



 
Para isso: ouvir
Aquilo que chama na Sombra


Para aquilo, ver
Isso: o Anel de Luz



na noite que mais pede sacrifícios à Aurora dos Destinos


ao passo


mais fiel ao caminho para a casa tombada,   Lá: onde a Curva


no horizonte

oferta a Esfera     ao fechar dos Círculos


à água de murmúrios dos Teus Olhos





À Asa murmurante que não pousa



Celebração das noites fatigadas


há Desesperos circulares, Tu sabes desesperos



como o do animal no Escuro    escuro



Girando



contido no Centro que seu  giro gera



E a cada giro, Pura

emissão de intensidade busca as margens para Além das margens



E a cada giro, o Não

Escrita de grades: a palavra Dor não é a palavra Sim





Mais um giro, e eis: a Queda


Luz fenecendo



Oo


Centro que des

morona, des
falece em centro




E se esmorece


o Desespero, e se

se apaga: Se sob a pele Negra olhos se ocultam,


na harpa de grades a pausa é breve e não há Música



pois foi escrito no Bosque Sem Ternuras, em nossa Face: Que os olhos que uma vez se fechem outra vez se abram,




e eles se abrem,


Cílio sem paz se
acende o Desespero




e Testemunha: as Grades permanecem Lá




E

se adormece para os Sonos dos Alívios? Sem



remédio Sem
remédio,

porque sonha Grades




ah, tudo oculta em sonhos a Catedral de cinzas





as Margens


o Círculo





e a chave perdida





Animal escuro, 

te tornaste o próprio Centro escuro




Tece teus cílios de Hera sagrada



Cintila




nas noites Sonha




com a Alvura




Não sabes que Outro centroO

te Ilumina,




mais Escuro?




há Desesperos circulares, Tu sabes


  
Caminho dos corpos lentos

E o Céu? Se

pergunta a Terra,



enquanto desces ao encontro do Teu Centro




eis: a espreita do Suspeito de Si Mesmo



Eis a Penumbra da Água em silêncio

Na Fonte,

não são Longos os peixes que te incineram



Ainda uma vez um Sim de pedra

se ocultou


na Noite,





e enquanto tombas vais lembrando que Não És





Noite de nutrições profundas

Para nutrir   o Lodo,

tu  não escreves   Tu


és o Livro



que se lança em todas as direções nas Regiões Escuras: Agora

oO Círculo

cintilante



que te envolve




E nos limites   da Esfera,

se  te voltas para te ver Fonte

que se jorra,

vê:



 o Outro,



Água que no Centro da Esfera ainda Lá és tu de novo, murmurando:






Tu

és o Livro,



que se lança: Chama



na noite do Grão luminoso

Quando a Esfera cantou na Penumbra para a Dúvida


a Vida é o que

é




coisa que a si SeFaz








longe, em Ti




ouviste O Eco           É










isso





e         nada Mais




ó Árvore de Negros Corais e dos silêncios do Céu


S

ubmerso


em Si como um homem



esquecido pelas paisagen

S



E vagando



Como se um mundo Não existisse

Um mundo não

como um mundo Sim




E convivendo com Ausência e Sombra




Quase deitado na linha do Horizonte, e sem temer a Lâmina, e com os pés pisoteando estrelas:




dança,



mas não é O Dançarino




a parte dos Dons

mas


Se



nutrires em Ti

a Metamorfose da Esfera,



ouve e Celebra o teu rumor de Hera



H


e




} quando o Silêncio horizontal se disser, te despindo, o Fulgor que És




e tudo em círculos vagando sobre a Esfera vier se Delatar a ti como

Máscara para esmagamentos > a horda escura e a História
e o ir e o ir e o ir dos frutos retornantes às sementes



mas não

o Vir

da Semente ao Fruto que nós chamamos Vida




e



quando na Clareira, Nu

testemunhares o desabrochar da Hera


#





Então

} haverá um dia seguinte



E nesse Dia

Manhã do Caminho sem caminhos,

despertando


abrirás a porta da tua casa




e verás



a Constelação Sem Centro





Porque o Centro tombou sem rumor toda a Noite para a Terra




Estás outra vez na rua onde passou por ti a Vertigem, a Tua Infância





E agora } o Centro


És Tu



Caminho longo



OoO





o






O






oO




Oo









OoO









  

Fim de I Os dias Consagrados

A Viagem a Andara não tem fim